Entrevista
Conjuntura económica dispara crédito consolidado
Entrevista a Luis Sousa, director Geral da Flexi Solutions
Qual a expressão do Crédito Consolidado, na Flexi Solutions, no primeiro trimestre de 2008?
Durante o primeiro trimestre de 2008 o
crédito consolidado não foi um serviço com muita expressão na
Flexi Solutions. No ano passado, os serviços mais prestados foram os
créditos à habitação para compra de
habitação própria e
habitação secundária, assim como a
transferência de crédito à habitação.
Qual a componente de crédito consolidado, no primeiro trimestre de 2009?
No primeiro trimestre de 2009 a
Flexi Solutions registou um acréscimo de cerca de 400% nos serviços de
crédito consolidado, relativamente ao período homólogo de 2008.
Como justifica esta evolução?
Este aumento tão acentuado na procura de serviços de
crédito consolidado deve-se a dois conjuntos de razões.
A primeira e mais importante é a degradação da situação financeira de muitas famílias. O
sobre-endividamento levou a que, com o aumento das taxas de juro verificadas em 2008, e consequente aumento das
prestações do
crédito à habitação, muitas famílias tiveram a necessidades de recorrer a crédito de curto-prazo para conseguir suportar os seus encargos com o crédito de longo-prazo. Assim, assistimos à contratação de vários
créditos pessoais, a utilização da totalidade dos plafons dos
cartões de crédito e ainda a utilização da totalidade das
contas-ordenado, para poderem suportar as
prestações do
crédito à habitação e ainda comprar os bens de primeira necessidade. Esta situação, como é óbvio não é suportável a longo prazo, pois as taxas de juro aplicadas aos créditos de curto-prazo são mais elevadas. Mais cedo ou mais tarde estas famílias entram em situação de ruptura e
incumprimento.
O segundo motivo, para a
Flexi Solutions, deve-se à alteração estrutural no mercado da concessão do
crédito à habitação. Em 2009 os spreads aplicados pelos bancos aos novos contratos de
crédito à habitação são menos favoráveis para os clientes do que os que foram aplicados nos últimos três anos, o que implica o quase desaparecimento das
transferências de crédito à habitação.
Qual o retrato de quem consolida os empréstimos?
Infelizmente o
sobre-endividamento não é exclusivo de um grupo socio-económico. Tanto
consolidamos créditos no valor de 8000 euros a indíviduos com rendimentos mensais de 600 euros, como temos
solicitações de consolidação de 90.000 euros de indíviduos com rendimentos mensais de 5000 euros. Este serviço beneficia qualquer família que tenha vários créditos, independentemente do valor desses créditos e do seu rendimento mensal.
Em média, quantos empréstimos têm?
Mais uma vez temos diversas situações. Temos clientes a quem consolidámos o
crédito à habitação, um
crédito pessoal e um
cartão de crédito, como temos casos de famílias com mais de uma dezena de créditos para consolidar.
Que tipo de créditos têm?
Os créditos que os nossos clientes têm incluem o
crédito à habitação, o
crédito automóvel,
créditos pessoais,
créditos ao consumo, os
cartões de crédito e as
contas-ordenado, que muitos clientes nem se apercebem ser uma forma de
endividamento.
Qual o montante, médio, global dos créditos que posteriormente são consolidados num só?
No caso do
crédito consolidado sem hipoteca, consolidamos valores entre os 5000 euros e os 40.000 euros.
Já no caso do
crédito consolidado com hipoteca, conseguimos consolidar montantes até 75% valor de avaliação do imóvel.
Poupança média mensal conseguida com a consolidação?
Através da
consolidação dos seus créditos os nossos clientes conseguem poupar mensalmente entre 200 euros a 1000 euros nas
prestações, o que corresponde a uma redução das
prestações entre os 20% e os 60%. Depende, no entanto, dos créditos de curto-prazo que tenham com
TAEG mais elevadas.
As pessoas que consolidam os empréstimos fazem-no como última opção ou já começa a ser uma prática mais comum?
Infelizmente as famílias têm procurado esta solução em último caso, o que muitas vezes é demasiado tarde, especialmente se já entraram em
incumprimento.
No entanto, a cultura financeira das familias portuguesas têm vindo a aumentar, fruto do papel de esclarecimento da comunicação social que tem vindo a tratar estes temas com maior destaque.
Neste momento as familias portuguesas têm começado a procurar aconselhamento junto das
consultoras financeiras. A nossa sugestão é que consultem um profissional, o mais cedo possivel, que poderá analisar a sua situação e elaborar um
plano para reduzir os seus encargos mensais.
Tendo em conta a conjuntura actual prevêem que haja um aumento da consolidação de empréstimos? Porquê?
Continuamos a prever um aumento na contratação de
créditos consolidados. A situação financeira de muitas famílias continua a degradar-se por vários motivos, nomeadamente a
falência de pequenos negócios familiares e o
desemprego de pelo menos um dos membros do agregado familiar.
Quais as vantagens e desvantagens do crédito consolidado?
As vantagens do
crédito consolidado são sempre baixar o valor das
prestações mensais, através da contratação de um novo crédito com
TAEG mais baixa que a média das
TAEG dos
empréstimos iniciais. A única desvantagem que vejo reside no perigo de algumas famílias, sentindo-se mais aliviadas nas suas obrigações financeiras, poderem tentar aumentar o seu
endividamento, contratando mais créditos de curto-prazo.
O
crédito consolidado pode não ser uma boa opção quando falte pouco tempo para liquidar um dos crédito de curto-prazo. Nesse caso mais vale deixar esse crédito de fora, para não aumentar o
prazo de liquidação de um crédito que está quase liquidado. Mas esta situação só pode ser colocada se o cliente tiver a liquidez necessária para suportar mais essa
prestação. Em muitos casos acaba por ser benéfico consolidar todos os créditos, pois aumenta a liquidez mensal das famílias no imediato.
Luís Sousa, director geral da Flexi Solutions
|